quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

53 HC Fest - dia 1

O texto abaixo faz parte daquele meu novo projeto, um entre muitos, já citado várias vezes anteriormente e que funciona, por enquanto, em versão beta. Postarei este texto aqui apenas porque ainda não quero divulgar o outro projeto antes que fique pronto. Sem mais detalhes.

Enquanto pensava em como este blog seria e definia uma mínima linha editorial, uma das coisas que me pareceu clara, era que não seria muito interessante gastar tempo escrevendo sobre bandas ruins. É muito mais importante que as pessoas conheçam novas boas bandas, do que reforçar a idéia de que "tal" banda é péssima. E, de qualquer forma, como você irá perceber, todas as bandas citadas aqui poderão ser ouvidas no próprio blog (em breve), de forma que você tire suas próprias conclusões (e pense).

Tendo explicado isso, posso finalmente escrever sobre o 53 HC Fest, realizado pela loja/selo 53 HC, em Belo Horizonte nos últimos sexta e sábado, dias 8 e 9 de dezembro, no Lapa Multshow.

Primeira consideração: Público.
* Formado principalmente por menininhos e menininhas de franjinha no rosto, cintos de tachinhas, tênis Vans e All-Star e muitos, muitos bonés. Comentário do camarada do bar com o Bart (organizador do evento): "Porra, velho, esse show seu só tem moleque! É fóda!". Tanto que, na hora de comprar bebida, pela primeira vez no Lapa vi as pessoas tendo que mostrar a identidade. Mas isso não adiantava muito, ainda mais se levarmos em consideração que esse povo fica bêbado com duas latas de Kaiser e depois tenta vomitar com classe pra não atrapalhar o penteado. Tsc.
* Em um festival de hardcore, qual foi a música tocada pelo dj que mais animou o público? Adivinhe... "last nite", do Strokes. Sim. E enquanto tocava The Clash e Dead Kennedys, simplesmente não havia reação. "Meu Deus em quem eu não acredito, eles não conhecem!". Sim, é verdade. E o que dizer quando o dj teve a boa vontade de mostrar algo de bom e acessível, tocando "bigmouth strikes again" do The Smiths ou "rock and roll queen" do hype esperto The Subways? Ooooh. Nada. E por incrível que pareça, algumas pessoas me disseram que o público parecia mais animado durante o som mecânico do que durante os shows. Pudera...

Os shows
O início estava marcado para as 17 horas, cheguei às 20 e perdi Sonary e Monno (ambas de MG). Senti apenas por causa da Monno, é uma ótima e promissora banda, apesar de ainda soar muito melhor em estúdio do que ao vivo. Em um futuro post a banda será melhor descrita.

Voltinhas pelo Lapa, observando a tietagem underground (porque isso existe, e muito) até começar a fraca apresentação da capixaba Volume 7, nova banda do Murilo, ex-Dead Fish. Péssimo nome, som idem. A não ser que você seja um super fã de CPM 22 e Dead Fish fase atual. Se fosse uma banda instrumental, seria aceitável. Fala do vocalista para o público: "isso aqui não tá parecendo um show de hardcore". Concordo.

Antemic - ainda aqui


Mais pausa e depois, Antemic (ES). Detalhe: na Trama Virtual, eles descrevem seu som como post rock. Ha ha ha ha. Sim. E aquele barulho que eu faço quando estou cagando com diarréia eu chamo de grindcore.
Esquecendo esta tentativa de maquiar seu hardcore emo de algo mais interessante, o som, em alguns poucos momentos, é quase aceitável. Eu disse quase. Uma espécie de wannabe Jimmy Eat World, mas sem a manha para fazer hits punk pop descartáveis e que acaba soando às vezes como ForFun (sic). Parece que a vontade de ser um novo CPM 22 é uma das coisas que mais afetam a atual cena hardcore teen, que alguns anos atrás rendia tantas bandas engraçadas de ruins, mas ao menos toscas, sujas e com letras idiotas cantadas naquele inglês errado. Agora, a maioria continua ruim, com a diferença de que agora são letras bobinhas aos montes em português e melodias pop misturadas à distorção. E claro, tudo nem um pouco original.
E mais um ponto negativo para a banda: no MySpace, eles disponibilizaram apenas UMA música para download, deixando as outras duas disponíveis apenas para audição. Enquanto até as bandas alternativas tiverem este tipo de pensamento imbecil e retrógrado, relutando em tornar suas músicas o mais próxima possível do público, elas continuarão a se fuder.

LudovicCalma, finalmente chegou o momento do melhor show da noite. Ludovic (SP). Famosos pela energia de seus shows, o quinteto paulistano mostrou a razão pela qual são tão falados nos últimos anos. Desde o início com a ótimo "boas sementes, bons frutos", a banda despejou sobre a despreparada platéia uma massa sonora pós punk, remetendo a Sonic Youth e Joy Division e completada pelas boas letras da banda. Uma pena que o equipamento disponível não estivesse à altura do que a banda merece, o que prejudicou que principalmente o entendimento das letras (parte crucial do Ludovic).

LudovicO vocalista Jair lembra Ian Curtis e Johnny Rotten ao mesmo tempo, e consegue não parecer forçado. E, quando diz ao microfone que a platéia ali presente é imbecil e o festival, uma merda (não exatamente com estas palavras, mas extremamente próximo disso), um sorriso no rosto de quem ainda tem cérebro é inevitável. Aos outros, restaram gritinhos como "eu sou emo mesmo, e daí?", vindos da menina à minha frente, puta pelo vocalista ter utilizado a expressão "bobagens emo".
Parafraseando o próprio Jair, "azar o seu querida".



Gramofocas (DF - foto) foi difícil de aturar. Punk rock banal, som ruim, vocal idem = chato, chato. Aquele tipo de banda que toca para rocker do interior encher a cara e dizer que "estes caras são muito loco". Nem o bom-humor na hora de nomear as músicas ("country song (nofx should listen more ramones)", "você é meu rolinho parmalat") e nas letras ("sempre que eu fico feliz eu bebo / e se eu fico feliz eu bebo também") consegue salvar.

Gramofocas - sempre que eu fico feliz eu bebo


Carbona (RJ) foi a próxima e, da mesma forma, difícil de aguentar. Tão difícil que fui embora logo após as três primeiras músicas. Sabe aquela bandinha punk que seu ex-colega de escola montou e que até tem algumas músicas "legaizinhas", mas descartáveis, e todas parecem ser a mesma? Carbona.

E sobre o Aditive (SP), que fechou a noite e foi talvez a maior responsável pelos emos presentes? Escute Fresno, Hateen ou NxZero e saberá do que se trata.

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